Hoje, caminhava e encontrei um pedaço de papel no chão, assinado por um tal de Severino. O cara deve ser maluco, pois o texto é curto, truncado e fala sobre uma viagem à Lua que não saiu da cabeça dele. Louco ou não, proporcionou momentos engraçados.
A tarde foi boa: as pessoas passavam e aquiesciam meus cabelos verdes. Algumas espantavam-se, outras sorriam em aprovação. O fato, porém, é que a grande vantagem de se ter cabelos verdes e olhos azuis é que eu me tornei objeto de adoração sexual por, digamos, 80% das mulheres com as quais esbarro.
Ah, eu não me apresentei: meu nome é Orwin Gladefall e, devo confessar, pertenço a um plano de realidade alternativo. Lá de onde venho, as pessoas chamam a região aonde meu povo mora de Naroom. Para ser mais didático, o nome de todo o meu mundo originário é estranho: Terras Lunares.
Achei engraçada essa oportuna e inadvertida menção à Lua no manuscrito do tal Severino. Curioso... a Lua da qual venho é muito mais bonita do que a daqui: enquanto as Terras da Lua são cheias de vida, a Lua deste planeta chamado Terra é estéril e, não fosse pelo brilho do Sol local, nem luminosidade teria.
Ah, convenhamos: eu gosto de quando ela está cheia, apesar de tudo. Por sinal, hoje está rechonchuda e cheia, ou ao menos aparenta.
No mais, tenho pena do corpo que ocupo: ele pensa ter vida própria, outorga-se um nome e até mesmo fala com orgulho do nome dos seus ancestrais. Ok, nós fazemos isso nas Terras da Lua também, mas não há nenhuma consciência etérea ocupando nossos corpos enquanto nós bradamos nossa liberdade!
Que tolo é o Marcelo, que pensa ser livre e, quando vislumbra os grilhões, se afoga em um prazer qualquer.
Meu nome é Orwin Gladefall, Marcelo Melo nada sabe. Ele é meu, eu existo. Existir é pensar, ele acredita que pensa. Minha missão aqui logo acabará e, ao voltar para Naroom, ele recuperará a própria autonomia.
Não que ele tenha feito grandes coisas com ela, but anyway....estou até escrevendo no blog dele, assim ficará registrada minha passagem :D
Abraços a todos que acreditam que são,
Orwin
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