Aconteceu comigo hoje mesmo, dentro do Hiper Mercado Bom Preço.
Fantasma? Assombração que provocou histeria coletiva e esvaziou o mercado? Objetos voando?
Não. Música de supermercado.
Cazuza, mesmo morto, através da tecnologia e do peso de sua obra, cantava em um local no qual nunca esteve e em uma cidade que, até onde sei, nunca visitou. Cantava dentro de um supermercado. Ele teria ficado puto, talvez até zombado.
O fato é que duas coisas precisam ficar claras: quanto maior a solidez da obra, mais tempo ela costuma sobreviver e, como já dito em post passado, a genialidade da poesia cantada está em falar sobre coisas pertinentes às vidas das pessoas.
Dessa vez, Morrissey não enforcaria o Cazuza, pois o que ele disse, quando parei para prestar atenção em meio à busca por um produto, tocou-me profundamente e refletiu objetivamente meus últimos dias.
Assim, o grandioso poeta morto se manifesta, reencarnado em si mesmo e falando de uma relação que vivi, na qual a reciprocidade foi bem pequena.
Salve, Cazuza!
Minha Flor, Meu Bebê
Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair
Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê
Nossa...como isso representa o que eu sentia por ela. Pena que a menina passou do meu limite, mesmo ele tendo sido grande.
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