quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pondo o Dedo na Ferida

E hoje falaremos sobre....pirataria!

É, o tema proibido lá no Warhammer Brasil, aquele tema que, de tão tabu, não pode ser objeto nem de uma discussão ou comentário com o menor teor possível de estímulo a prática. Aquele filho bastardo da comunidade brasileira de wargames que vez ou outra dá uma ligada para tentar falar com o pai mas, que, devido a nossas crenças, fingimos que não podemos atender.

Pirataria no Brasil existiu, existe e sempre existirá. Agora, me digam: qual é o diabo de mal nisso? Noventa por cento de todo mundo que já jogou ou joga wargame no Brasil, pelo menos que envolva miniaturas, já comprou uma mini pirata, mandou fazer ou ainda fez em casa. A questão não é se a pirataria no Brasil vai acabar ou não, coisa que acho que não vai, até porquê ela é útil e preenche um nicho que dificilmente será ocupado, mas sim porquê danado não conseguimos viver em paz com essa questão.

E antes que saiam dizendo, eu não tenho relações comerciais com nenhuma pessoa que um dia sequer já copiou uma miniatura. Miniaturas piratas, para mim, não são certas ou erradas. São um fato, uma consequência, no caso do Warhammer, de mais de 10 anos de vácuo total da empresa responsável pelo jogo, com exeção da nobre tentativa da Comic Store e da bem sucedida, so far, tentativa da Hobby Delivery.

E sim, minha gente: eu tenho um army também composto por miniaturas piratas. Ninguém vai atirar pedras já que quase todo mundo está com o rabo preso, mas repito novamente: a questão não é essa.

Será que, pelo menos dentro do fórum Warhammer Brasil, não se poderia encarar essa situação como o fato que ele é e estabelecer diretrizes concretas de relação com a situação ao invés de simplesmente dizer-se que não se pode fazer menção a essas coisas? Mas por PM, pode? Essa não é uma crítica aos comportamentos individuais, já que felizmente eu nunca encontrei ninguém que viesse dizer que não há nada disso por aqui, mas às regras de postagem no fórum.

Acho que agora vai ter mais gente ainda com antipatia a minha atitude controversa, mas, sinceramente, antes por o dedo na ferida do que ficar fingindo no aberto do fórum que a pirataria de miniaturas no Brasil é uma ficção.

Sílvio que faz certo, ao não querer tapar o sol com a peneira e trabalhar como se nada existisse. Só encarando o fato de maneira tranquila poderemos criar uma solução alternativa e viável para todos.

sábado, 26 de abril de 2008

A Comédia com a Realidade

Hoje estou vomitando e este será mais um deles.

Acabei de assistir mais um vídeo do fantástico Marcelo Médici no qual ele interpreta um animador de festas infantis que, bem, é sincero demais com crianças que, por sua condição, costumam ser poupadas do que há de ruim e da realidade cruel com eufemismos e ilusões:

http://uk.youtube.com/watch?v=80Z92vwD-ac


É impressionante como o público ri de tantas coisas tão sérias e deprimentes mas, sabem, acho que esta é a grande vitória do artista sobre a realidade cruel que ele apresenta de forma caricata e escrachada: debocha dela, faz pouco caso de um ente que está muito acostumado a ser levado a sério e derrota-a matando-a de raiva.

Não sei, nem sei direito o que é ser artista; desconfio apenas.

Isso me lembra que ando sem paciência para eufemismos. Vou dar o exemplo e tentar me valer menos deles.

Eu Havia Esquecido Disso

"Saudade? Não sei como é que você me aguenta, eu sou insuportável! Falo serio >< mas é bom saber que ainda existem pessoas pacientes no mundo *saudade tb*"

Droga, eu esqueci completamente que isso foi escrito. Também, faz tanto tempo!

Poxa, saudades mesmo. Saudades de quando isso aí em cima era viável, acontecia e era real. Saudades de um tempo morto.

P.S. O legal é que, caros leitores, ela nunca deve ter entendido como eu a "aguentava" por, bem, só aguentar quem se incomoda ou não concorda com o que está acontecendo ou com o que é. O fato é que eu não aguentava por não haver nada para "aturar".

O Trabalho

Bem, sabe-se pontualmente que a tecnologia tem como objetivos fundamentais a diminuição do trabalho (energia gasta) para o alcançe do objetivo e para a possibilitação de coisas que antes não eram possíveis. O tema que abordo hoje é o perigo de se querer ter trabalho de menos...

Isso, inclusive, é uma constante no dia de hoje.

O problema começa quando queremos ter menos trabalho em coisas que exigem trabalho. Daí temos os relacionamentos efêmeros, os velhos abandonados em asilos, a crença de que os grandes problemas do mundo são insolucionáveis, a idéia de que a corrupção está impregnada demais para se resolver e todo o derrotismo que possa advir da pornochanchada mental de quem escreve, lê, comenta e pensa.

Leitores, é claro que se até a água corre pelo caminho mais fácil até o mar, não é justo que nós tentemos ficar escalando muros a vida inteira. Porém, é necessário não deixar que essa acomodação frutífera e positiva não se transforme no monstro da indolência, desistência, efemeridade, descartabilidade e obesidade, como no caso dos E.U.A.

Isso sem falar no consumismo sem limites e na insatisfação eterna que gera a necessidade constante de se ter um novo jogo, um quadrinho, um novo console, mais moderno, mais rápido, mais forte, mais mais e mais e mais, mais, mais....

Jesus, estamos tornando as pessoas descartáveis também. Deve ser consequência do crescimento populacional e da diminuição do valor individual frente a coletividade à medida que a população aumenta. Seria bom se a analogia fosse mais contida. Quando é positiva, tudo bem, mas, quando é negativa, oh no.

Será que nosso futuro é Cyberpunk? Mega Corporações malvadas, cidades super lotadas e pessoas valendo menos que nada? Lembrando que hoje já matamos por um par de tênis ou ainda menos.

Argh.

Eterno Enquanto Dure

Esse vai ser curto e pouco prolixo:

Eterno enquanto dure o caralho.

Pode ser ótimo, bacaninha, joinha, super legal, intenso ou qualquer outro adjetivo que os senhores querem dar. "Eterno enquanto dure" é a coisa mais hipócrita e paradoxal que eu já ouvi nos últimos tempos. Ou é ou não é, não se pode vender a vaca e querer ficar com o leite. Tento aprender com essas frases também.

Vinicius que me perdoe, mas essa parece ser mais uma daquelas expressões que, muitas vezes vazias, são ditas com o objetivo de agradar quem amamos. Quem sabe um "super legal enquanto dure" seja mais honesto.

Mas ainda assim, acredito que tenha sido com intenção. Acho que só a escolha dos termos foi infeliz.

(k)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Natália

Olá novamente,

Esse título é uma homenagem minha a uma música da Legião Urbana e que possui relação com o tema que abordarei neste artigo. Para os que quiserem conferir a letra na íntegra, segue o link: http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46958/

Neste momento não tratarei de nenhum tema relacionado ao hobby em si, e sim ao estado deste no atual momento. Todos sabemos que, mais uma vez, nos vemos envolvidos com a possibilidade de termos apoio oficial para os jogos da GW no Brasil e, com certeza, futuramente para jogos de outras empresas. As maneiras de abordar este tema variam e encaixam-se em padrões mais ou menos prováveis de acordo com o tempo de jogo de cada jogador, além de outros detalhes.

Os jogadores com menos tempo de hobby, geralmente também mais novos, costumam receber a notícia com empolgação e entusiasmo que são típicas da juventude. Muitos deles não se decepcionaram posteriormente com todas as tentativas fracassadas e a desesperança inerente. Já os jogadores veteranos costumam adotar o ceticismo daqueles que costumam prever como a coisa ocorreria.

O fato é que Natália é uma música bem negativa e pessimista e que, em um dado momento, mostra um lampejo de esperança e possibilidade. Percebo que este é mais um dos momentos em que nossa esperança será posta a prova. Nossa capacidade em tê-la, melhor dizendo. Não tento valorar comportamentos e afirmar que quem não acredita que desta vez poderemos ter algo concreto sobre nosso hobby aqui no Brasil está errado: afirmo que este é outro momento em que podemos fazer novamente a diferença acreditando e colaborando para que dê certo.

Os métodos de colaboração e suas intensidades são diversos, mas a crença deve existir. Se não for agora, quando será? Claro, não precisamos ser responsabilizados se não der certo, mas será muito melhor sermos responsabilizados por ter dado certo, não acham? Aos que não acreditam, peço mais um momento de tentativa e qualquer esforço bem intencionado que ajude. Aos que acreditam, vamos continuar acreditando e ajudando do jeito que der. Assim, quem sabe, poderemos dizer daqui há uns meses que valeu mesmo a pena.

"É preciso acreditar em um novo dia, na nossa grande geração perdida. Nos meninos e meninas, nos trevos de quatro folhas. A escuridão ainda é pior que essa luz cinza".

Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa...um cara que ninguém tem embasamento histórico para dizer que existiu mas, que ainda assim, é tido como figura histórica devido ao seu trabalho em Minas Gerais.

Quando eu me deparo com situações artísticas de pintura, escultura ou qualquer outra coisa difíceis, eu me valho do Aleijadinho. Não é santo, mas inspira. Não é possível que eu me recuse a fazer qualquer trabalho manual relacionado ao hobby quando eu me lembro que, teoricamente, aquele cara esculpiu os 12 profetas já praticamente sem os dedos das mãos e sem os pés. Não é muito justificável.

"Ah, mas eu não tenho obrigação de ser tão grande quanto ele. Somos pessoas distintas!"

Realmente, obrigação eu não tenho. Assim como eu não tenho obrigação de ajudar nenhuma pessoa que esteja em uma pior. Eu não tenho culpa da pobreza deles, tenho? A diferença não está na culpa ou na eventualidade que me torna quem sou, mas sim no fato de se vou ou não tomar uma atitude quanto ao fato.

Quando me lembro dele eu pinto, colo, queimo as mãos com silicone quente, entulho o quarto com cenários inúteis no presente momento e, mesmo assim, continuo fazendo no dia seguinte. O cara era mulato, resolveu ser artista no Brasil colonial (hoje ainda dizem que ser artista no Brasil é loucura, imagina naquela época), não largou o ofício apesar da degeneração dos membros (se fosse do nariz, nem seria algo tão espantoso) e eu, homem feito e saudável, vou me entregar por causa de 30 ou 40 marines, 6 bunkers e 10 cenários modulares para pintar e construir? Nem sob porrada.

Dizem que a função das lendas de heróis é nos lembrar que nós também podemos ser grandes.

E você, qual a sua inspiração motivacional?