quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Começo

O Começo


Tudo na vida se expande
O nada já se fez grande
Floresce em cores e som
Mostra o ruim e o bom

O som da vida é origem
Veneno da morte é a vida
A dor se faz pela ferida
A cidade se perde em fuligem

O livro dos dias é pesado
O passo fica descompassado
O choro é então amparado
Página morta que agora se vai

domingo, 21 de junho de 2009

A Receita

Quando o homem inventou a roda
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso
tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecorado
na tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele
como sinto como passo
Carne viva atrás da pele
aqui vive-se à míngua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palma
da platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa
eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa
pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro
cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso
mas ganhei inteligência
Demência, felicidade,
propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov
pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

O inferno é escuro
não tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino
confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas
nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre
e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar
der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
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Salve Zeca Baleiro, Faces do Subúrbio e a nossa inventividade lírica!

Comercial de Margarina

Aqui é Marcelo Melo, tem alguém aí? Câmbio.
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Comercial de Margarina


Não sou um comercial de margarina
já que vez ou outra a vida ensina
Que a coisa é complicada
E o que era atoleiro
Se torna enrascada

Não sou feliz vez ou outra
E não é te ver sem roupa
Que vai fazer isso mudar

Porque há dias como hoje
Em que tudo está parado
O amanhã, equivocado
Você não entende
Que minha dor já não te surpreende
Mais

E há certa confusão
Entre fofoca e confissão
São dias de muita pressão
Em que nada se parecem
Com qualquer comercial
De televisão


Da Vivência

Porque, se me derem, eu queimo até um caminhão de crack! XD
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Da Vivência


O homem adquire, através de sua sensorialidade, impressões externas a ele apresentadas. A consciência torna-se, portanto, recurso de depuração qualitativo do meio externo. A vivência, produto da soma das experiências e de suas depurações, resume, em sentido amplo, o conjunto de possibilidades concretizadas no curso de uma vida.

Poderia-se afirmar que, das não concretizadas, ocuparia-se o sonho. Contradição, pois o mesmo, em seu caráter especulativo, deriva-se da vivência. Afirmar também que as possibilidades concretizáveis são derivações orgânicas das possibilidades vivenciadas por se tratarem de escolhas potenciais é aceitável, porém simplista.

As escolhas vivenciáveis estão em posição obscura, por se tratarem de vivências irreais e ainda, derivadas do empíricamente possível. Não se tratam de irrealidades, perdendo assim o local seguro que a impossibilidade fática as proporciona.

A pergunta que exprime o antagonismo é: o que é aquilo empíricamente aceitável, porém não realizado em determinada circunstância, se o mesmo possui potencial de acontecer, em circunstância outra?

Lidamos com algo que não é impossível mas que não aconteceu. Em determinados casos, sua ocorrência vivencial não é mais aceitável, mas não falamos de um anátema lógico. É válida a existência da zona cinza que abriga o lógico inconcretizável?

Esta é a primeira questão vivencial levantada. Sendo o lógico inconcretizável derivado da vivência, possuiiria ela um aspecto intolerável, aonde se viveria o não vivenciável?

Esta situação seria dirimida ao aceitarmos a idéia de multiversos análogos aonde tudo o que for lógico e vivêncável eventualmente os erá. Veria-se , em tempo hábil, o esgotamento das possibilidades. O destino do multiverso é, neste aspecto, a repetição.

Tratando-se de apenas um universo de tempo sequencial e não retroativo, pode-se especular que surja, até a resolução desta problemática, uma outra categoria de fatos ou eventos.

Portanto, temos:

Fatos ocorridos
Fatos em ocorrência
Fatos que ocorrerão
Fatos que ocorreriam*

*Nova categoria fático-temporal
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¹ A incerteza sobre a natureza destes fatos não impede a teorização de qe que existe um número N de ocorrência futuras que é variável caso exista qualquer grau de acaso ou ainda fixo, caso haja predestinação pura.
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Teorizo sober a idéia da existência de um quarto modo temporal, que, simbolicamente, é equivalente na língua portuguesa do presente imperfeito. Este modo cronológico não me parece possuir um fluxo apreciável como os fluxos cronológicos factuais ou prováveis que conhecemos. Ao contrário, me parece ser ausente de fluxo.

Sua representação visual é a de uma suspensão composta de 60% de líquido e 40% de partículas sólidas em suspensão, que, simbólicamente, representam os eventos latentes à espera de ordenamento.

Como o presente é apenas conceituação simbólica, parece-me razoável imaginar o passado e o futuro como induções de corrente neste fluxo, fazendo com que algumas partículas ganhem ordenamento e outras, por se tratarem de ocorrências incompatíveis no fluxo de eventos, permanceçam no fundo, em suspensão.

Ressalta-se que, em termos de decorrência , a idéia de passado é figurativa e referencial. Dentro e de acordo com meu fluxo de idéias, ao tomarmos dois pontos noe spaço-tempo como sendo A e B e considerando que A ocorreu antes de B, não se pode retornar à A sem manter-se o referencial temporal préviamente adotado. Caso haja uma inversão, pode-se ir ao futuro através das próprias pegadas.

assim, tendo a acreditar que o fluxo no tempo da suspensão, não importa a direção simbólica que tome, culminará com o eterno avanço, mesmo que, referencialmente, seja para trás.






O Mito

O processo de amadurecimento emocional, a transição da fase infantil para a juveni,l implica necessariamente na reconstrução mitológica. No meu caso, me vi sustentando meus mitos por períodos mais longos, até talvez o final da adolescência. Não os sustentava mais por ingênuidade infantil, mas porque era divertido.

O mundo mágico costuma, com suas luzes e formas não científicas, ser bem mais atraente.

Se era divertido, tive que tristemente, apagar boa parte do lúdico que eu supunha que, ao menos uma vez, poderia ser real e me render à realidade. Isso não quis dizer que eu perdi minha ludicidade ou ainda a criatividade, mas sim a esperança de que o mundo mágico se manifestasse. Pouco dela resta mas, como uma brasa que esmorece, o brilho ainda é forte.

Porque, se tudo der certo, ainda veremos robôs gigantes cruzando a Avenida Senador Salgado Filho.



sábado, 20 de junho de 2009

Pés e Corpo

Pés feridos, Corpo Cansado


Existem dias que não dão resultados. Dias que nem acabaram mas, para certas coisas, já chegaram ao fim. Ainda assim, mesmo com um prematuro fim, eu sou bilhões de células. Somos uma Legião Urbana.

E viva Renato Soviético.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Aforisma!

Porque tem dias, raríssimos, em que me sinto importante! :D


"É compreensível não se querer crescer em um mundo em que a maioria das pessoas seja tão pequena. Algumas, até, aproximam-se das bestas."
-Marcelo Melo