O Nariz
Quero o fim da tormento
Que eu mesmo alimento
Com as pequenas coisas
Palavras jogadas ao vento
Alguma liberdade, sem religião
O caminho certo para o seu coração
A busca involuntária da dor
E o medo, segredo, o terror
Que reside na cor
Negra dos seus olhos
Pedir, acreditar
Que amanhã e depois do meu sono
Eu vou voltar para lembrar
Que o ontem foi viagem
Teias imagem, risos e passagem
Entre eu e você, o mundo também
Só que eu acabei te deixando a pé
Segui adiante no tempo corrido do trem
Você quer alguém?
Será que esse alguém te aceita a ponto
De enganar a razão, vivendo o confronto
De se ver no outro
Eu não me vejo nem no espelho
Será por isso que dizem que eu não tenho futuro?
Por ficar parado e pensando sentado no muro?
Eu quero tanto mas nem sempre pareço mostrar
E não ajo te fazendo pensar que não quero mudar!
Já gostei a primeira, segunda e terceira vista
Só que nem sempre elas se tornam mais uma na lista
Que só cresce mostrando que o tempo está a passar
E cada fracasso atesta que eu posso mudar
Nem que seja no nome, no telefone
Eu estou sempre a mudar, nas coisas erradas
Segundo os especialistas sobre minha vida
Que acabam parando o conselho para consertar
As próprias roubadas
Já que ninguém é santo, perfeito, isso me dói
A velhice acaba com os sonhos que a infância constrói
Eu queria ser melhor, mais ativo, mais carinhoso
Mas geralmente elas me vêem com um sorriso jocoso
Jocoso de quem sabe que eu não convenço
Depois de um meses relaxo e reapareço
Eu adoro o seu corpo, apesar do nariz
Mas não acho que o meu inteiro te faça feliz
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