quarta-feira, 14 de julho de 2010

Hans Asperger, Mad Max, Mary and Max e eu

Hoje, Lucy Westanza apresentou-me uma grata e inesperada surpresa, para não dizerem que só falo das más surpresas que o mundo me traz. Conheci uma animação australiana chamada Mary and Max, que, em resumo, tem ótima fotografia, conceitos muito bem aplicados, enredo instigante e não óbvio e uma característica rara em filmes e animações: tratar de temas delicados, sérios e até sombrios com intercalações de humor. A própria estética inicial da obra tem um tom leve, apesar dos temas abordados.

O detalhe são as inside jokes dentro da animação, como referências ao AC/DC, ao filme "Ferris Bueller's Day Off" (Curtindo a Vida Adoidado) e à outra banda famosa dos anos 80, mas de cujo nome agora não lembro. Além disto, alfinetadas no nosso, como diria o Raul, "belo quadro social" são constantes.

A estória narra a amizade de Mary, uma menina australiana, e Max, um senhor estadunidense. Ele tem síndrome de Asperger, ela, uma estrutura familiar destruída e problemas sócio-emocionais de certa importância. No mais, só dizer que é fantástico e que, quem puder, assista.

Lucy disse que, quando me conhecia menos, achava que eu era meio parecido com o Max, mas definitivamente não tenho Asperger...talvez alguma forma inespecífica de autismo de alta-funcionalidade, mas definitivamente não tenho os impecílios linguístico-cognitivos que caradcterizam alguém com a síndrome.

Ainda assim, achei a Mary tão parecida com a Wilhelmina em algumas coisas...existiram e ainda existem, por mais que ela tenha se revelado uma pessoa bem pior do que eu imaginava, momentos que eu gostaria de compartilhar. Coisas simples, detalhes de um filme, a cor de um céu sob o sol poente, uma nova roupa, uma novidade boba...

Quantas vezes tive vontade de dizer: "Mina, olha só que coisa legal que eu descobri!" Mas, não: a pobre vive uma fantasia neurótica e tal ação seria danosa. Portanto para mim, as sombras. A vida a ensinará e ela não sabe o que hoje diz.

Uma curiosidade é que existe uma semelhança fonética entre o primeiro filme Australiano que fez sucesso mundial, Mad Max, e o título desta animação, também Australiana. Poderia ser Max and Mary, mas porque Mary and Max?

O impacto da trilogia oitentista "Mad Max" continua e, seguindo a onda dos revivals de sagas da década de 80, parece que Mel Gibson vai gravar um quarto filme.

No mais, acertei sem saber: o desenho que Mina receberia, pois agora ele vai ficar bem pendurado na minha parede visto que ela não mais o merece, se vale de um mesmo efeito estético que é presente durante toda a animação: fiquei besta ao a assistir e ver que eu tinha tido a mesma idéia e aplicado-a de maneira muito parecida.

Na animação, no desenho e durante uns meses da minha vida, tudo era cinza, mas a Wilhelmina, a Mary e o que era relacionado à elas era colorido.

Fiquei até emocionado quando percebi isso, além de ver o zelo com o qual o Max guardava as coisas da Mary, zelo este que também, inadvertidamente, imitei.

Mas ela nunca escreveu nenhuma carta para que eu colasse na parede, apesar de que eu poderia ter colado algum e-mail. Ah, deixemos a Wilhelmina viver em paz, hm.

Mas que eu me identifiquei com muitas coisas, isso sim. Esse contraste entre um mundo cinza e a cor que alguma pessoa pode trazer à tua vida, mesmo que com coisas aparentemente irrelevantes, é real.

Too god damn real.

E, como Max, sou ateu.

Damn.

Ademais, só uma banda para cuidar, um violão para tocar, mil coisas para escrever e ar para respirar, além dos cursos.

P.S. Um chocolate dado ao Max, na animação, dizia a mesma coisa que a Wilhelmina gostava de enfatizar para mim:

"Love yourself first."


Um comentário:

Cláudia Letícia disse...

Né, eu tenho um ótimo gosto para filmes. :D~