segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Poder do Mito

À vocês que ainda lêem e acompanham e que não sei quem são:

Entrei em contato com uma entrevista bem interessante sobre um livro também bem interessante. Caso vocês tenham disponibilidade, peço que leiam. Espero que a experiência seja enriquecedora. Colarei alguns trechos que acho interessantes, a medida que estou lendo-a neste momento.
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"As crianças não são adoráveis porque estão caindo a todo instante e porque têm o corpo pequeno e a cabeça muito grande? Walt Disney não sabia tudo a respeito quando concebeu os sete anões? E esses divertidos cachorrinhos que as pessoas têm – eles não são adoráveis por serem tão imperfeitos?"

"O umbilical, a humanidade, aquilo que se faz humano e não sobrenatural e imortal – isso é adorável. É por essa razão que algumas pessoas têm dificuldade em amar a Deus; nele não há imperfeição alguma. Você pode sentir reverência, mas isso não é amor. É o Cristo na cruz que desperta nosso amor"

"Através da leitura de seus livros – The Masks of God e The Hero with a Thousand Faces – vim a compreender que aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Mitos são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos. Todos nós precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentar a morte, e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos"

"Quando pessoas se casam porque pensam que se trata de um caso amoroso duradouro, divorciam se logo, porque todos os casos de amor terminam em decepção."

"Eu diria que se o casamento não é de magna prioridade em suas vidas, vocês não estão casados. O casamento significa os dois que são um, os dois que se tornam uma só carne. Se o casamento dura o suficiente, e se você se amolda constantemente a ele, em vez de ceder a caprichos pessoais, você chega a se dar conta de que isso é verdade – os dois realmente são um"

"Sobretudo espiritualmente. O biológico é a distração que pode conduzi-lo à falsa identificação"

"Casamento é uma relação. Quando vocês se sacrificam no casamento, o sacrifício não é feito em nome de um ou de outro, mas em nome da unidade na relação. A imagem chinesa do Tão, com a treva e a luz interagindo, mostra a relação entre yang e yin, masculino e feminino, e é isso que vem a ser o casamento. É nisso que vocês se tornam quando se casam. Você deixa de ser aquele um, solitário; sua identidade passa a estar na relação. O casamento não é um simples caso de amor, é uma provação, e a provação é o sacrifício do ego em benefício da relação por meio da qual dois se tornam um."

"É primordialmente um exercício espiritual, e a sociedade deveria nos ajudar a tomar consciência disso. O homem não devia estar a serviço da sociedade, esta sim é que deveria estar a serviço do homem. Quando o homem está a serviço da sociedade, você tem um Estado monstruoso, e é exatamente isso o que ameaça o mundo, neste momento"

"As virtudes do passado são os vícios de hoje. E muito do que se julgava serem os vícios do passado são as necessidades de hoje. A ordem moral tem de se harmonizar com as necessidades morais da vida real, no tempo, aqui e agora. Eis aí o que não estamos fazendo."

"...Eisenhower entrou numa sala repleta de computadores e propôs às máquinas a seguinte questão: “Existe um Deus?” Todas começam a funcionar, luzes se acendem, carretéis giram e após algum tempo uma voz diz: “Agora existe”."

"o matrimônio é o reconhecimento de uma identidade espiritual. Se levamos uma vida adequada, se a nossa mente manifesta as qualidades certas em relação à pessoa do sexo oposto, encontramos nossa contraparte masculina ou feminina adequada. Mas se nos deixarmos distrair por certos interesses sensuais, iremos desposar a pessoa errada. Desposando a pessoa certa, reconstruímos a imagem do Deus encarnado, e isso é que é o casamento"

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http://www.culturabrasil.pro.br/campbell.htm

Está aí o link para a entrevista.  Comentarei um trecho, em específico.

"Os mitos de participação e amor dizem respeito apenas aos do grupo, os de fora são totalmente outros. Esse é o sentido da palavra “gentio” – a pessoa que não é da mesma espécie".

Essa frase parece ser sobretudo verdadeira nas três grandes religiões do Oriente Médio e suas derivações: Cristianismo (Catolicismo, Protestantismo, Reformismo, ismos, ismos), Islamismo e Judaísmo. 

Existe uma porra de dificuldade terrível em aceitar que todos os caminhos que partilham de bom senso levam à mesma realidade ou então a realidades bem parecidas. Essas três religiões falam sobre o mesmo Deus e, ainda assim, se explodem desde tempos ancestrais. É a necessidade de provar que o seu jeito é o certo, que o seu jeito é melhor, que a sua maneira de professar a fé é mais certa, que os seus rituais são aplicados apenas aos seus, que os outros, ou gentios, não são dignos há não ser que se convertam...enfim.

Eu tenho uma professora de canto que é super mente fechada em relação a isso, chegando a beirar a arrogância quando encontra criatura viva que não seja católica apostólica romana e que afirme professar fé e religião. Ela representa essa intolerância, que no caso dela felizmente não vira física, que nos segregou durante muito tempo. Aquela atitude de "Eu respeito sua diferença porque não tem outro jeito" ao invés de "eu respeito sua diferença porque isso parece ser atitude de bom tom e harmoniosa".

Claro, estou criando vários valores em cima do texto o que demonstra que pendo para o lado não segregativo da questão. Isso é um processo de amadurecimento que não estará completo enquanto eu não parar de rejeitar os que segregam, já que, o fazendo, estou também segregando.

Há um tempo eu andei pensando mal, e por vezes ainda penso, de uma pessoa. Daí veio a velha vida e me mostrou na prática o que ela passou. Legal, adoro quando a vida ensina. Geralmente, crescemos. O problema é quando ela ensina três vezes e você precisa que Deus venha na sua cabeça dizer algo. Quase que um último recurso! :P

E, finalmente: é imperativo que eu pare de me ver como resposta para alguém. Fico até com medo de me ver como um caminho, ao menos parte dele. Bem, acho que isso já é suficiente, ser parte do caminho pessoal de alguém...eu não sou nada, tãopouco estepe de carro. Eu sou um caminho, não O caminho nem a totalidade deste caminho que represento, sou uma avenida em uma das muitas estradas, sou delimitado por duas outras ruas e tenho percurso definido. 

Um comentário:

entre arabescos e nacaras disse...
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