quinta-feira, 11 de março de 2010

Sub-provas

Passamos a vida inteira provando fatos ou idéias e tendo resultados demandados de nós. Eventualmente, tudo cessa sem uma perspectiva de alento consciente: a morte, então, é incapaz de redimir o sujeito de suas dores pois, curiosamente, o próprio conceito de dor não mais existe. Neste aspecto, não há como negar que ela é ineficiente para sanar nossos desejos.

Há um cansaço que, sem dúvidas, nos prova que nossas formulações e métodos de tradução para os conceitos da vida não podem sustentar-se eternamente. O cérebro humano e seus afetos não estão preparados para a convivência com o imutável e isto, saibamos, dissocia-se do fluxo temporal. Mesmo que vivéssemos em continuum e que fôssemos impassíveis de destruição mecânica, viveríamos ciclos nômades de circunstâncias, incapazes de permanecer por muitas décadas no mesmo lugar, apertando as já conhecidas mãos e, improvavelmente, beijando os mesmos lábios.

A banalidade, então, evidencia-se como força contínua e vigorosa, cuja estagnação não poupa nossa organização intelectual. Não deve-se encará-la como um agente exteno a nós pois, em análise, observa-se que as valorações dadas aos eventos são criadas pelo próprio observador. Assim, o homem não pode excusar-se no conforto do suplicado: ele é, quanto a sua necessidade de mudanças e a diminuição do que era belo, seu próprio carrasco.

terça-feira, 9 de março de 2010

Argh

Ah, raça amaldiçoada.

Neste zeitgeist regional contaminado, a maioria das mulheres espera que seu parceiro reprodutivo seja, ao menos, um pouco canalha. Homens bonzinhos não tem vez: transformam-se em amigos bananas, em seres idolatráveis e são distanciados. Você torna-se alvo de uma idiossincrática estranheza ao sustentar os padrões morais desejados, por vezes ensinados e propagados por nossos meios midiáticos.

A questão, agora imagino, é que os valores que almejamos são muito díspares de nossas possibilidades emocionais, nosso comportamento ordinário ainda é muito fraco, na falta de outro termo mais adequado, para que possamos sustentar nossos ideais ante a força da rotina e da sucessão diária.

Essa insuficiência esperançosa permite que tenhamos valores almejados de fato díspares dos que praticamos comumente ou, em uma assertiva mais próxima da realidade prática, dos que conseguimos praticar. Assim, o homem vê-se perdido em uma dicotomia talvez falaciosa entre conformismo e aceitação de seus intintos e desejos e a catarse social de normas e moralidades que, esperamos, possa nos redimir e levar-nos para longe da animalidade e da barbárie tradicional.