quinta-feira, 11 de março de 2010

Sub-provas

Passamos a vida inteira provando fatos ou idéias e tendo resultados demandados de nós. Eventualmente, tudo cessa sem uma perspectiva de alento consciente: a morte, então, é incapaz de redimir o sujeito de suas dores pois, curiosamente, o próprio conceito de dor não mais existe. Neste aspecto, não há como negar que ela é ineficiente para sanar nossos desejos.

Há um cansaço que, sem dúvidas, nos prova que nossas formulações e métodos de tradução para os conceitos da vida não podem sustentar-se eternamente. O cérebro humano e seus afetos não estão preparados para a convivência com o imutável e isto, saibamos, dissocia-se do fluxo temporal. Mesmo que vivéssemos em continuum e que fôssemos impassíveis de destruição mecânica, viveríamos ciclos nômades de circunstâncias, incapazes de permanecer por muitas décadas no mesmo lugar, apertando as já conhecidas mãos e, improvavelmente, beijando os mesmos lábios.

A banalidade, então, evidencia-se como força contínua e vigorosa, cuja estagnação não poupa nossa organização intelectual. Não deve-se encará-la como um agente exteno a nós pois, em análise, observa-se que as valorações dadas aos eventos são criadas pelo próprio observador. Assim, o homem não pode excusar-se no conforto do suplicado: ele é, quanto a sua necessidade de mudanças e a diminuição do que era belo, seu próprio carrasco.

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