sábado, 31 de julho de 2010

Dad's Day!

Dia dos pais chegando...lembro-me do último dia dos namorados, no qual eu recentemente havia sido mandado embora da vida de alguém.

"Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança" toca neste ponto: o que será das pessoas que não se encaixam nas datas comemorativas impostas pelo comércio?

Eu não tenho namorada, tampouco tenho pai. Tive ambos, mas hoje estes papéis não existem em minha vida.

Devo eu ficar frustrado e enfiar a propaganda nos orifícios invisíveis e inexistentes do Sistema Capitalista de Produção e do Consumismo desenfreado?

Devo calar?

Novamente, vou citar um trecho de "Batman, the Dark Knight" que definitivamente me representa, tanto atualmente quanto nos últimos tempos:

BATMAN – Você é a escória que mata por dinheiro.

CORINGA – Não fale comigo como se você fosse como eles – você não é, mesmo que queira ser. Para eles você é uma aberração como eu... Eles apenas precisam de você agora.

CORINGA – Mas logo que eles não precisarem, eles te verão como um leproso.

CORINGA – A moral deles, os códigos deles... É tudo uma grande piada. Esquecidos ao primeiro sinal de problema. Eles são bons somente até o ponto que o mundo lhes permite ser. Você verá – Eu mostrarei para você... Quando o mundo se despedaçar, estas pessoas civilizadas... Irão devorar umas as outras. Viu? Eu não sou um monstro... Eu só estou um pouco além da curva...

You are just a freak, Mr. Wayne....

Am i?

Serei eu tão aberrante quanto os que condeno?



sexta-feira, 30 de julho de 2010

Did you have to hold my hand?

Mais uma do solteiro da cama de casal.


Pseudo-cover de Sunday, dos Cranberries. Esta é para a Beatriz e para o Erich!

Moonlands Forever, velho Erich! Naroom Power! Stomp them, Carillion!


http://www.easy-share.com/1911728308/Marcelo Melo - Sunday (Cranberries Pseudo-Cover).wma

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Agora é a minha vez

"É nóis na fita e os playboy no DVD."

Agora chegou a minha vez de fazer música. A sorte está lançada!

Pseudo-cover de uma boa banda. Gravada em cima da minha idiossincrática cama de casal, sobre a qual dorme um solteiro.

"And when you look, you look through me.
When you talk, it's not to me
When i touch you, you don't feel a thing."

U2 - Stay (Far Away, so Close)



http://www.easy-share.com/1911493154/Marcelo Melo - Stay (Far Away, So Close) [U2 Pseudo-Cover].wma

E com vocês...

Os Paralamas do Sucesso e Cazuza!

Pois estes sim sabem dizer, até mesmo melhor do que eu, o que sinto agora.
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Os Paralamas do Sucesso - Mensagem de amor

Os livros na estante
Já não têm mais
Tanta importância
Do muito que eu li
Do pouco que eu sei
Nada me resta

A não ser
A vontade de te encontrar
E o motivo eu ja nem sei
Nem que seja só para estar
Ao teu lado só pra ler
No teu rosto
Uma mensagem de amor

À noite eu me deito
Então escuto
A mensagem no ar
Tambores runfando
Eu ja não tenho
Nada pra te dar

A não ser
A vontade de te encontrar
E o motivo eu ja nem sei
Nem que seja só para estar
Ao teu lado só pra ver
No teu rosto
Uma mensagem de amor

No céu estrelado
Eu me perco
Com os pés na terra
Vagando entre os astros
Nada me move
Nem me faz parar

A não ser
A vontade de te encontrar
E o motivo eu ja nem sei
Nem que seja só para estar
Ao teu lado só pra ler
No teu rosto
Uma mensagem de amor

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Cazuza - Minha Flor, Meu Bebê


Dizem que tô louco
Por te querer assim
Por pedir tão pouco
E me dar por feliz
Em perder noites de sono
Só pra te ver dormir
E me fingir de burro
Pra você sobressair

Dizem que tô louco
Que você manda em mim
Mas não me convencem, não
Que seja tão ruim
Que prazer mais egoísta
O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê

Dizem que tô louco
E falam pro meu bem
Os meus amigos todos
Será que eles não entendem
Que quem ama nesta vida
Às vezes ama sem querer
Que a dor no fundo esconde
Uma pontinha de prazer
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê


Whitby

Mais poesia, menos angústia.


Whitby


Seaside, apart from me
I tell you what you don't wanna see
Sheltering your memory
Anywhere inside

I also haver things to hide
I know you're found of them
But we can't extend
All thst is meant to die

Is this a goodbye?

We're wrong in one or another way
That's ok, that's ok
There's nothing else to say
Time to feel and feel

Be it joy or dismay
Nothing more to say
Feel joy or dismay
Feel

While staring at the sea
Your eyes gaze me
The surf washes us
And we are free

terça-feira, 27 de julho de 2010

Seja como for

A prosa é o orgasmo tranquilo, relaxante. Nela, mal há limitações ou caminhos. Você olha para a parceira e sorri, esperando ser retribuído.

A poesia, por outro lado, pode te dar muito prazer durante o ato, mas suas limitações formais e de rima muitas vezes deixam muito por dizer, como um quase-orgasmo interrompido por um telefone que não foi deixado em modo silencioso.

Ainda assim, precisamos viver ambas as situações. Um pouco de poesia para quebrar a rotina e também tentar salvar-me de mim mesmo.

Seja como for


Ando por aí sem dono
À noite espero, sob o sol tenho sono
Os outros dizem que meu rosto está mal
E há quem ache meu sofrimento legal

Meu passado se foi
E tenta me levar consigo
Despedaço meu telhado
Em busca de abrigo

Em conversas na madrugada
Cada palavra sufocada
Pode ser liberta
E o que o tempo não conserta
A mente finge que valeu à pena

Estou tão cansado e abatido
Na batida do meu corpo ferido
Entendo que basta carinho
Um abraço, não se estar sozinho

E tudo se valida
A vida toma sentido
No amor, seja como for
Vivido

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Visões

Tudo tem a ver com carinho. Em um indivíduo de símbolos coletivamente compartilhados, a vida fica muito mais suportável quando há carinho e as flores, então murchas, magicamente ganham vida.

It's all about care and a little love.

Sparks/Fogo Nuclear/Poeira Estelar/Dente a Dente

Hoje, antes de sair para comprar CDs, ouvi minha mãe falando com seu cabelereiro e instruindo-o sobre como maquiá-la quando ela estiver morta. Deu vontade de chorar, mas não tenho o hábito de fazê-lo sozinho.

Ajudarei no preparo do corpo, assim como ela drenou, sozinha, o corpo inchado de meu pai no necrotério do São Lucas. Com a falência renal, a água saía pelos poros da derme. Pagarei-a pelo ato com outro de mesma natureza.

Creio ser o resultado de um amálgama de substâncias químicas que, em progressão de complexidade, geraram o Homo Sapiens Sapiens. E pensar que tudo isso começou com fogo nuclear: fornalhas gigantes espalhando radiação, calor e elementos químicos pelo universo.

E vejo-me, de dias em dias, como um aglomerado milagroso desses elementos que, a muito custo, adquiriu sensiência e qualia. Mas não basta nascer: é necessário crescer, amadurecer, reproduzir-se e morrer. Todo esse processo é permeado por uma constância e uma certeza: a quase onipresença da dor e a inevitabilidade da morte.

A felicidade, por sua vez, costuma ser pontual. Existem aqueles, porém, que configuram-se a exceção e sentem-se plenos, realizados e felizes durante boa parte da vida. Através da navalha de Ockham, é mais fácil crer que eles estão iludindo-se ou que estão alheios do pensamento sobre as questões substanciais da existência, do que que eles tenham realmente uma vida muito mais feliz do que triste e que estejam de bem com a vida na maioria dos momentos, isso tudo sem estarem alienados de certas constantes e fatos.

E o que sou? Um momento na história, uma potencial relevância e um nome conhecido por alguns. Serei eu mais? Transcenderei minha morte? Preciso fazê-lo? Devo terminar meu livro e/ou escrever outros? Devo salvar alguém de si mesma ou de outrem? Devo descobrir uma cura? Revolucionar um campo? Desenvolver um método? Ajudar ao próximo, revolucionar algo?

Se sou Marcelo Melo, porque é tão difícil ser-me? Não é na naturalidade que as coisas se baseiam? Não é o orgânico que determina a vida, as constantes físicas, as interações entre a matéria e, pasmem, não dizem que no amor deve-se "deixar acontecer", sem que nada seja sintético ou forçado?

As grandes soluções da ciência se baseiam em observações e premissas muito simples.

Se é o naturalmente concebido o caminho mais simples, como pode ser tão difícil ser eu? Porque, para a maioria de nós, a construção de uma identidade própria e tão penosa e passamos tanto tempo querendo ser outros que conhecemos ou ainda personagens?

Sinto-me como a água da cachoeira que, mesmo sabendo que está tudo certo e em seu lugar ao cair, grita de dor pelo atrito com o ar e, desejosa, gostaria de ser uma planta qualquer.

Como pode o determinado ser tão estranho.

It's a Mad World, já dizia o Tears for Fears.

Hoje, sentei-me na grama e percebi, ao olhar para o céu, que a espessa camada de nuvens impedia-me de ver a lua, quase que obscurecendo totalmente seu brilho, e que vi uma única estrela.

Não duas ou três, mas apenas uma única, dentre milhões, em todo o céu noturno observável de onde eu me encontrava. Gostaria de saber de qual astro se trata, mas aposto que é Vênus, dada a intensidade do brilho. Não que Vênus seja uma estrela, mas este não é o ponto.

Lembrei-me imediatamente do Dr. King, que em seu último e emocionante discurso em vida, disse: "...e é nas noites mais escuras que podemos melhor ver as estrelas!" No dia seguinte, ele foi assassinado.

Mas esta também não é a questão.

Devo interpretar a visão desta única estrela, sob a ótica de Martin Luther King Jr, como uma evidência de que, sim, verei as estrelas, mas ainda não está escuro o suficiente?

Minha mãe está morrendo lentamente; tem feito-o isso desde que eu a conheço, com seu comportamento auto-destrutivo e seus infindáveis cigarros. Nunca consegui conviver bem com isso, apesar das tentativas. É duro ver alguém de quem se gosta (ou se tenta gostar, de acordo com a situação) praticar um suicídio a prestações.

E, ultimamente, o processo de decaimento de seu corpo tem acelerado-se, pois a cegueira permanece e a depressão faz com que ela entregue-se cada vez mais, com suas cama, planta, telefone e televisão.

Agora, já descartei a histeria e qualquer acidente vascular cerebral de nota. Estou entre algum acidente vascular ocular ou então um tumor no cérebro. De que adiantou ter tanto trabalho para livrar-se de um câncer na mama esquerda para, com seu estilo de vida, preparar o corpo para outro?

Tudo parece tão inútil.

Não é suficiente?

Minha mesma e problemática mãezinha tenta livrar-se, creio que para ter dias finais de maior paz, de seu amante. Não consegue ou não tem coragem, mas o fato é que está enrolando e, por enquanto, considero-me relativamente seguro. Ainda assim, se mês que vem ela conseguir o dinheiro, sumirá e eu terei que cair fora para qualquer lugar, ao menos por uns tempos. Provavelmente, se ele nos achar, matará a ambos ou, mais provavelmente, matará a mim, que me exponho mais e cuja morte provocaria muito mais sofrimento à ela.

Mas juro, e espero cumprir com este juramento quando e se a hora vier, de morrer em pé, como homem. Tentei e tento viver como um homem de dignidade, farei o possível para morrer de mesma maneira.

E, como previamente dito, não vou entregar meu corpo sem uma boa luta. Minha mente, minhas lembranças e memórias, estas eles não podem tocar. Apenas os que bem quero têm acesso à elas.

E ademais, mandei um e-mail para Lucy Westanza com todas as minhas poesias, meu livro inacabado e várias fotos. Meu trabalho não perecerá comigo.

Não serão estes fatos suficientes para que esteja escuro o bastante para que eu, enfim, possa contemplar as estrelas? O que mais falta? Sob risco de morte, com a mãe piorando a olhos vistos...o que mais, então? A única vantagem de se sofrer em um dado momento é que isto te traz um certo senso de desprendimento.

Wilhelmina está saudável e à salvo, o que pode acontecer para me afetar? Minhas tias morrerem? Meu irmão? Que eu perca uma perna ou seja atropelado, para, meses depois, ser assassinado? É isto, Dr. King? Qual é a porção de dor restante até que eu alcance esta redenção e contemple a imensidão estelar?

O que falta?

Hoje quase caiu outro dente. Essa prática de colá-los com superbonder é perigosa, eu já a avisei, mas ela continua. Vai ver, foi o cianoacrilato que a deixou cega.

Acompanhei a ascenção, aproveitei-a, acompanhei a queda, sofri-a, e agora acompanho a morbidade.

Dente a dente.

Ah, a Sparks deixava tudo mais fácil. As fagulhas de seu apelido eram como estrelas, para que eu admirasse, fosse noite ou dia. A vantagem é que eu não precisava estar mergulhado em escuridão para que elas surgissem, bruxurelantes e também intrigantes, em minha frente.

Nós também nos víamos durante o dia.

Com a Sparks/Wilhelmina Murray, tudo era mais fácil.

No mama, no papa, no whisky soda, no Sparks!

E quem achar esssa frase maluca, assista "Império do Sol", dirigido por Steven Spielberg. O livro, devido ao estilo literário de James Graham Ballard, não é tão tocante. Ainda assim, como todos os livros, mais detalhado e completo que sua adaptação para o cinema. Eu adoro esse filme, desde criança e das sessões da tarde.

A primeira coincidência do dia: abro "O Mundo de Sofia" e encontro, aleatoriamente e ao primeiro olhar, uma citação Shakespeareana que fala sobre como esse mundo é ilusório e que estamos dormindo ou talvez cochilando.

Isso me deixou espantado, pois há poucos dias escrevi coisa parecida aqui. Porque, dentre tantas páginas e parágrafos, logo este, em primeira vista?

E adivinhem quem interpreta o jovem James no filme de 1987? Christian Bale...Bruce Wayne...Batman...

Precido dizer mais alguma coisa? Este foi meu segundo assombro deste dia.

No Sparks...

Senhor King, quanto sofrimento mais até que eu as veja?



Redigido ao som de Coldplay - Sparks

P.S. Obrigado, paredes. Vocês têm me ajudado quando todos os outros falharam ou omitiram-se. Obrigado, Lucy. Você me ajudou também: mesmo que as circunstâncias desta ajuda sejam nebulosas, você o fez. Sou grato a todos.



Jim Raynor

Ao contrário de mim, James Raynor conseguiu, após 4 anos de amargura e álcool, tocando fogo em meio mundo, reverter o processo bio-genético que transformou Sarah Kerrigan na Rainha das Lâminas.

Ele a curou.

Tenho orgulho deste final. Ver Kerrigan morrer seria triste, ainda mais porque, afinal, o desenrolar da saga, através dos romances, revela que Raynor não ficou revoltado apenas como soldado, pela unidade de Kerrigan ter sido sacrificada voluntariamente para atrair os Zerg para Tarsonis.

A natureza de seu transtorno era também porque ele a amava.

E, no final, ele a leva embora, aceitando-a como ela agora é, mesmo sabendo que certos traços da hibridização parecem ser irreversíveis.

Ainda assim, foi o melhor que ele pôde fazer e, convenhamos, foi bem eficaz. A Rainha das Lâminas não existe mais.

Passei meses sem ter um nome para meu hamster. Agora, isso mudou; troquei o algodão de sua gaiola, dei-lhe comida e água frescas. Enquanto isso, batizava-o: será James Raynor.

Porque, se eu não consegui ajudar a Wilhelmina, alguém aqui tem que fazê-lo, nem que seja meu pequeno roedor quadrúpede.

Quase chorei ao ver a armadura C-400 do Raynor caminhando em direção ao horizonte, com Kerrigan nos braços. Isso que é sentimento: quando se gosta, você corre riscos, mata e morre, ri e chora, atravessa distâncias, por alguém.

É estar-se preso por vontade.

Just another Johnnie Gun

Sou apenas mais um cara, algumas qualidades distintivas, mas não tenho me sentido minimamente especial ou único. Em verdade, sou substituível.

Sou apenas outro Zé da Metralhadora, com uma língua pronta para disparar, um monte de estórias, boas ou ruins, para contar, deitado no chão frio, dedo no gatilho.

Esperando o inimigo passar.

E então disparar.

É, ando jogando bastante Day of Defeat...e, Cazuza, este sim profetizou:

Disparo contra o sol, sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas

Sou um cara cansado de correr na direção contrária
Sem pódium de chegada ou beijo de namorada
Mas se você achar que estou derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
O tempo não pára

Ando sentindo tanto frio...não há um corpo quente ao meu lado, tampouco o chocolate-quente das palavras doces de conforto e apoio.

Apenas o toque frio do metal do gatilho, o contato com o chão e o capacete. Quando um homem tem uma arma, uma planta, um bichinho de estimação, um laptop ou um objeto qualquer como sua principal companhia, ele está com problemas.

Ou morto, sem ainda saber.

domingo, 25 de julho de 2010

O Sonho

Ensaio longo e pouco produtivo, com surrealidades. Ah, vai ver só estou ficando velho e exigente.

Nada de Zeca Baleiro, pois não há carona para a volta. Estou cansado e com azia, dada a Pepsi Twist com o cachorro-quente barato. O estúdio fica ao lado de um posto de gasolina e atrás de um depósito de botijões de gás, depósito este a céu aberto.

Tamanha burrice junta, só alugando um ponto ao lado, que por sinal era uma lanchonete, e montando um estúdio.

Talvez não: a mesma janela que mostra os botijões logo abaixo também exibe uma bela vista do rio Potengi e do mar. Explode-se em frente a um belo mirante, ao menos.

A cegueira de minha mãe continua: desconfio de um derrame ocular. Hoje ela perdeu mais um dente; estou preocupado, sem ter com quem conversar. Sorvo a seiva de minha solidão e aprendo a não ter com quem falar, a silenciar e esperar. Ensino-me a não depender de nada ou ninguém além do estritamente necessário.

Pois, parece-me, que meu castelo de cartas está desmoronando.

Não poderia haver nome melhor para essa banda: namoros, meu bem, precisamos de um apartamento, cotoveladas na cama, roncos, amizades duradouras, você é legal, sou seu irmão, conte comigo para o que precisar, te amo, até que a morte nos separe, te pagarei tudo na quinta, pode confiar em mim, a garantia sou eu...

Essa porra toda é só um sonho e, pelo visto, um dia ou outro todo mundo acorda. Sonhos dentro de um possível longo pesadelo, ao menos para a parte da população mundial que não deu a sorte de nascer em um local minimamente rico.

E quanto a mim, vou sonhar antes que tenha que acordar. Digitando, falo com as paredes.

Assim, entorpeço-me.

Já passei por piores.

Quanto mais afirmo, mais embruteço e suicido-me. Logo, talvez eu seja apenas um envólucro, como o exoesqueleto de uma aranha, que já não mais o habita.

Blindness

Love is blindness.

Minha mãe está cega do olho direito. Derrame, aparentemente. Fantástico.

sábado, 24 de julho de 2010

Lua Cheia

Encontro-os dentro de um estúdio em Mirassol. Muito mais gente que esperava, mas todos rostos conhecidos e, a maioria, queridos. Até mesmo PC, que foi morar em Brasília, esteve conosco e cantou.

Consegui cantar metade de Smells Like Teen Spirit e afirmo que gritei muito, um grito com a autoridade dos aflitos e cansados. Foi libertador.

Após isso, Pittsburgh, ainda na presença de quase 20 pessoas. Yuri, Tabor e PC na cidade, no mesmo mês e juntos no mesmo local é sim um motivo de grande comemoração.

Felizmente, várias fotos foram tiradas e isso ajudará-me a provar a mim mesmo que, sim, também tenho momentos de felicidade.

Por sinal, Tabor, sua esposa e a filha da mesma são todos bem gente fina. Meu Deus...ele joga e conhece Warhammer...por seis semanas, poderia ter jogado novamente. Senti-me desolado e ao mesmo tempo feliz.

Após isso, uma noite descontraída na cervejaria continental que, com seu repertório bem escolhido de rock, sempre me agrada. A primeira música a qual prestei atenção foi With or Without You, o que não é de se espantar, pois o U2 é tocado bastante por lá.

Mas não pude deixar de lembrar um momento análogo de um tempo passado.

You gave it all, but i want more
And you you give yourself away
I can't live with or without you

Não tenho palavras para descrever como a presença dos meus velhos amigos e conhecidos me fez bem. É sempre bom entrar em contato com o que é conhecido e confortável. Quanta falta sentia e sinto deles. Ontem e hoje foram dias muito difíceis, mas agora sinto-me restaurado.

Se tudo der certo, amanhã sairei com Roberto para mostrar o Midway Mall ao Tabor e para assistirmos Predators.

Só tenho a agradecer pela existência destas pessoas e pelos nossos interesses em comum. Também reafirmei que sou visto como estranho, meio louco e de assuntos pouco interessantes por aqueles que não me conhecem, mas realmente estou me acostumando.

E nossa, falaram uma ironia para mim hoje que eu não consegui captar: quase criou um mal entendido.

Asperger....

O cara veio e se foi, mas amanhã voltará. Sobrevivi até a noite e me foi dada a chance de aproveitá-la muito bem. Espero chegar vivo à Segunda-Feira.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Whitby

The seaside town of Whitby is probably best known for its literary association with Bram Stoker, author of Dracula. Not only is part of the story set in Whitby but Stoker actually wrote the book while staying in the town.

However, it seems that this isn’t the only reason to pay a visit to Whitby as consumer magazine Holiday Which? has just voted it Britain’s top seaside resort.

The charming combination of its attractive bays, sandy beaches and quaint cobble-stoned streets mean that Whitby attracts over half a million visitors a year, and around one fifth of the local population are employed in the tourism industry.

Começou

E que venham, pois não pretendo cair sem dar um trabalhão antes.

Ou ao menos uma luta.

O processo de afastamento de minha mãe e de seu companheiro começou. Atenção maior ao sair e, pelo menos por hoje, vejo-me obrigado a ficar aqui até as 19:00, ao menos. No mais, Wilhelmina está a salvo por estar longe, descansando em sua residência de verão em Whitby. Vou encarar a possibilidade da morte como encarei e encaro o mistério da vida: com assombro, um pouco de medo, curiosidade e tentando não desanimar.

Sim, eu gosto do Charlie Brown Jr. Vivo dizendo que o Chorão se esteriotipou de tal maneira que isso dificulta a apreciação de sua poesia que, em minha opinião, é bem interessante. Lembro-me de um trecho de uma música chamada "O Preço".

Dei um trocado pra um pivete no farol
Olhei pro lado estava o pai, pensei
“velho filho da puta , explorador!”
Mas vai saber...sei lá...cada um tem sua historia
Eu estou aqui pra aprender , não pra julgar
Quem pode me julgar ?

Graças a Deus , eu não tive um pai assim
Meu pai um grande homem,
Me ensinou como ser homem também
Longe do velho eu passei fome
Isso é passado, amém


Realmente, estou embarcado nesse contínuo e difícil processo de julgar menos, analisar os fatos de maneira mais imparcial, crivá-los e emitir uma opinião mais próxima do que é parciomonioso e verdadeiro. Nossa, como é difícil....ademais, minha mente está saturada de notícias ruins, me é difícil permanecer imparcial.

Mas graças, meu pai foi um grande homem e me ensinou como ser homem, também.

Pena que não consegui aprender tudo, que interpretei mal algumas lições e que a vida ensinou o que ele não pôde ou não conseguiu. Mas que ele foi um grande homem, sei que minha opinião é totalmente viciada, ele foi.

Espero, ao galgar nos passos e pedras da encosta do amadurecimento, tornar-me, ao menos, como ele. Se possível, superá-lo no que ele era bom e tentar não cometer os mesmos erros que cometeu.

Longe dele, em semelhança com a música, quase passei fome. Mas isso é passado.

Como diria um mito grego cuja origem não consigo traçar agora, um homem, ao pegar seu filho recém-nascido e ainda sujo de sangue, ergueu-o aos céus e bradou:

"Zeus! Permita que ele seja maior que eu!"

E que assim seja para comigo e meu pai, que assim seja para com meus filhos. Que eles sejam maiores que eu.

Isto é, se eu sobreviver mais uns seis meses e não aparecer no Patrulha Policial, morto e jogado em um matagal da periferia. Quanto à minha morte, pouco sei: de minha vida, alguma coisa retenho. De meu passado, muito aprendi.

No mais, há ensaio hoje com meus bons e velhos amigos: uma jam session esculhambada, sem repertório definido, que vai servir mais para agregar a todos e comemorar a presença de Yuri e Tabor na cidade. Como queria uma máquina fotográfica...espero que alguém leve uma. Preciso de uma foto com todos juntos, preciso deles próximos a mim, mesmo que em uma foto amarelada.

Depois da Jam, vamos desaguar na Ribeira. Enfim...

Muito stress, um desabafo necessário e que muito me aliviou, choro, ansiedade querendo me fazer vomitar, risco de atentado, Wilhelmina à salvo, meus amigos na cidade.

It's a good day to die, indeed. Todos estariam próximos, até mesmo os que moram fora.

Mas Cláudia, em sua sapiência, me ensinou que eu que não devo querer ser enfiado em um caixão para ficar chamando à atenção de ninguém. Quero vida e sorriso: é disso que preciso.

Would it be a good time to die, actually? Morrer com os seus queridos por perto é confotável para o moribundo, talvez para alguns dos ficantes, mas que causa uma confusão maior, isso sim.

E eu estou cansado de causar confusões e bagunçar os mundos das pessoas. Eu quero harmonia e simpatia, convivência e paz, apesar da entropia.

Minha frase de efeito, "Já passei por piores.", continua sendo válida. O problema é que, quando mais a falo, por mais sofrimento já passei. Quanto mais sofro, mais tenho autoridade para falá-la. É uma maldição que se retro-alimenta:

Quanto mais durão, calejado e experiente eu fico, mais morto por dentro eu me torno.

Como diria o título da música do Charlie Brown Jr.

"O Preço"

Epa...o interfone acabou de tocar. Será ele? Começou?

Orai pelos que te perseguem
Bendizei os que te maldizem
Perdoai os que te caluniam
Relevai os que te perturbam

Como é difícil seguir isso. Como....

Under Pressure

Simplesmente pressão demais para um juízo só. É para matar o velho....

George Michael, me salve!!!!

But I've got to think twice
before I give my heart away
And I know all the games you play
because I played them too.

Oh but I need some time off from that emotion
Time to pick my heart up off the floor.
Oh when that love comes down with-out de-votion

Because I've got to have faith
I've got to have faith



Eu preciso de descanso, de muito ar e de alguém que o sopre em mim pela
boca, além de carinho.

Ponto.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fantasmas do Passado

É por essas coisas que tenho orgulho de ser gamer, NERD e de gostar de ficção científica.

http://www.youtube.com/watch?v=C_E83GfWM-A&feature=player_embedded


Estou sem palavras e também sem dinheiro para comprar, ao menos na ocasião do lançamento.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Dia Quente

Foi um dia quente. Choque logo ao acordar, sol quente, molduras, vidros, dinheiro, calor, andanças, suor, choro, tremores, pesadelos, desligar os aparelhos, solidão, conselhos, tristeza, ensaio que não deu certo.

O que salvou foi o sanduíche do Nero e a companhia de Lucas e do pessoal da Sociedade.

Há horas em que eu não queria sonhar... curioso para quem está em uma banda com um nome desses.

Ainda sob efeito da abstinência da Sertralina, portanto os olhos doem ao se moverem. Incômodo mas, afinal, já passei por piores.

Revelações: não sou o jovem gente-fina e gentil que é o Peter Parker. Sou a alma torturada, reclusa e irrascível do Bruce Wayne: o homem que tem tudo o que quer, mas nada do que precisa. Tudo o que gostaria de ter, seu dinheiro não pode comprar. Em seu tormento, efetua a sua justiça. Em sua agonia, não deixa que seu passado o deixe.

É sombrio, sério, escuro. Não é saudado pelas multidões e sequer homenageado. É um solitário, tido como excêntrico e que, se sua identidade fosse publicamente revelada seria tratado como louco e desajustado.

I'm not Peter Parker: i am Bruce Wayne. À mim, as sombras.

Personagens não existem and it's time to bury the hatchet. É hora de vomitar, purgar-se e não mais falar. Não mais pensar, chorar e tremer sozinho, no quarto. Enxugar as lágrimas com uma toalha vermelha e branca e absorver a solidão. É momento de expirar e de cantar em catarse, musicar os enganos e gritar ao microfone o que não pode ser dito aos ouvidos do homem.

Esta banda não poderia ter vindo em melhor momento.

"The Joker: Don't talk like one of them, you're not! Even if you'd like to be. To them, you're just a freak, like me. They need you right now. But when they don't, they'll cast you out, like a leper. See, their morals, their code... it's a bad joke. Dropped at the first sign of trouble. They're only as good as the world allows them to be. "

Sim, eu queria ser como eles. A moral e os códigos de conduta são realmente mutantes e, por muitas vezes, piadas de mau-gosto. Dropped at the first sign of trouble...sábio.

Eu sou mais um maluco, como eles e todo mundo. A diferença é que eu me acho especial atrás de minha máscara, que não é preta mas que funciona da mesma maneira. O Coringa estava certo: quando não precisarem mais do Batman, ele será dispensado e execrado como a figura à margem que ele é. Assim como ele, também sou descartável, bastando apenas o momento adequado aparecer para que isso aconteça. Já foi assim antes por muitas vezes e, pelo visto, por muitas vezes assim será.

Pois assim também é o mundo. I'm just a freak, like everybody else.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ingratidão

Vez ou outra, falo que Flávio Gikovate, psicoterapeuta paulista, é um homem de idéias pertinentes. Conheço-o desde que ele desmistificou a relação altruísmo x egoísmo e também sigo-o no Tweeter.

"A ingratidão também tem a ver com a inveja: quem recebe e não pode retribuir se sente por baixo, humilhado. Se afasta ou sai falando mal."

Achei ótima esta colocação dele. E, querem saber? É mais ou menos por aí mesmo. Eu vim, vi e não venci, mas que vi, vi.

sábado, 17 de julho de 2010

"Mas eu só tinha algumas horas para voltar."

É, eu também gosto do CPM 22.

Antigamente, ouvia um pouco mais. Nunca fui de ouvir muito, mas hoje acordei com vontade de reviver as músicas deles que passavam na MTV e, assim, começo meu sábado ao som nostálgico dos meus 20 anos.

Post adiado devido ao sono de ontem, quando o milagre ocorreu: reunião com quase todos os meus velhos, poucos e bons amigos. Claro, o Playstation 3 estragou tudo, mas a vinda de Yuri, um membro da gangue que hoje mora nos EUA, aplacou as mágoas e reuniu os ausentes. Caso eu não vá hoje ao Rock Potiguar com o pessoal da banda, novamente reunirei-me com eles. Foi tão bom, senti-me apropriado de uma parte da minha afetividade que havia sido perdida para a força da mudança e dos acontecimentos.

Mas sempre podemos sonhar, mesmo que acordados. Sonhando, vislumbramos e, ainda mais raramente, vivemos aquilo que é inalcançável, seja por ter sido perdido ou por não existir. Ontem, portanto, sonhei acordado e vivenciei o que foi perdido. Vou fazer isso novamente hoje, pelo visto. Farei o quanto for possível até o dia 08 de Agosto, pois nele Yuri voltará ao E.U.A. e haverá outro parto entre os velhos camaradas.

Enquanto eu não saio do útero, vou aproveitar o aconchego e curtir bastante.

Sem mencionar que Wagner Artur também está em Natal e isso também me é de grande alegria, mesmo sendo tão difícil entrar em contato com ele, visto que Wagner é muito popular e vive com a agenda lotada quando aqui está. Ainda assim, minha vez na fila vai chegar.

Além da saudade e dos assuntos em comum, preciso muito da orientação dele em Direito Internacional, pois Wagner Artur será meu guru para o meu retorno ao mundo do Direito Internacional, à SOI e para minha admissão na especialização Stricto Sensu na mesma seara, na UFRN.

Pois a minha alma mater é a UFRN e dela não abro. Nosso corpo está unido e fechado. Nada de UNP, UN something, etc. UFRN untill i drop dead: também podem ser Oxford, Cambridge, M.I.T. ou algo assim; mas instituições privadas do estado, nem a pau.

Falando em direito, o pai de Wagner Artur, juiz tarimbado e com larga experiência no estado, proferiu algo que eu intui desde os primeiros semestres de curso e que corroborou para a minha não-escolha pelo Direito militante. O medo que me dá é que, se a experiência do velho juiz não for um mero argumento de autoridade, sendo portanto falicioso, e sim uma síntese fidedigna do panorama do Direito no estado e no país, eu terei percebido nos primeiros semestres algo que muitas pessoas só vão notar depois de vários anos de profissão.

E esse panorama é macabro.

Ou talvez não: podemos estar todos enganados. Ainda assim, a declaração seguinte me deu medo e só me lembrou que Justiça e Direito são coisas distintas nessa Terra Brasilis, tendo eu sempre procurado justiça. Não tendo-a encontrado, ou ia procurá-la em outro lugar, coisa que fiz com muito atraso, ou colocava uma roupa preta e transformaria-me em um vigilante.

Curiosamente, essa idéia do crime-fighting foi bem discutida com Artur durante o curso de Direito. Ele seria o meu auxiliar logístico, cuidando das comunicações, sequências de sinais de trânsito e localizações das viaturas policiais e dos malfeitores.

Temos até um desenho, gentilmente feito pelo meu amigo Roberto Lima, no qual nós dois estamos dentro de um fusca preto, vestidos com roupas igualmente negras, fugindo da polícia. A escolha do carro foi proposital, não sendo apenas uma mera homenagem ao Waldique Soriano: fuscas são tanques; quebram tudo e o carro não amassa :D

Você pode até morrer com a transferência da energia que, ao invés de ficar na carroceria, vai toda para você, mas o carro passa por cima do que for e ainda termina inteirinho :) Como diria o brocardo popular: "Nóis capota, mas não freia."

Quanto à frase do pai do Artur, aquela que me corroborou aterrorizantemente...

"No brasil, lei é que nem caninha 51: no máximo uma boa idéia."

Chega de escrever: Nordestão, casa e jogos online, depois sair com alguém, seja o Artur, o Rock Potiguar com o pessoal da banda ou jogar video-game com os meus velhos amigos, aproveitando o sonho vigente.




sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Silêncio

A calmaria da madrugada é apropriada para o tom do escrito.

Hoje foi um dia de homenagens, lembranças e flores brancas. Dia de falar, não se sabe se com uma pedra ou com algum mistério a nós velado.

Hoje também foi um dia de comemoração, mas em outros tempos. Tudo muda, afinal.

No mais, consertos domésticos, muito Day of Defeat, a raiva de encontrar um cara com o avatar do PC Siqueira até mesmo dentro de um FPS ambientado na segunda guerra, a felicidade de perceber que o hamster está se hidratando.

Pequenas coisas, apreciando a mim mesmo, minhas pequenas grandes bobagens ou maravilhas , dependendo de quem as enxerga.

Livro novo; Oscar Wylde e a Inglaterra do século XIX impregnando-se em mim, reminisciências e contas à pagar. Muitas contas.

Perdi meu desejo sexual desde o dia 9 de Junho. Sem ereções, com exceção das induzidas, mas para verificar se não era um problema funcional. Ejacular não é mais a mesma coisa, o próprio sexo hoje tem outra conotação, acredito eu que mais madura.

Atualmente, olho as mulheres nos olhos. Procuro apreender-lhes a essência. Sinto-me um pouco mais afastado da escravidão reprodutiva e hormonal que assola nossas espécie e cultura. Hoje, não vejo apenas bundas, seios e quadris. Olho nos olhos e tento mergulhar no abismo.

Ademais, para o tipo de relacionamento que procuro, não se pode chegar ao corpo de uma mulher antes de vislumbrar e tocar sua essência. Estou em paz, esse comportamento me dá satisfação e um certo senso de orgulho, também de amor-próprio.

15/07/1925


Juliano Fellini, Edison de Paiva Melo, Marcos César dos Santos... a lista é extensa.

"...yet the poor fellows think they are safe! They think that the war is over! Only the dead have seen the end of war."

Soliloquy #25 (Tipperary) - "Soliloquies in England"
- George Santayana

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Hans Asperger, Mad Max, Mary and Max e eu

Hoje, Lucy Westanza apresentou-me uma grata e inesperada surpresa, para não dizerem que só falo das más surpresas que o mundo me traz. Conheci uma animação australiana chamada Mary and Max, que, em resumo, tem ótima fotografia, conceitos muito bem aplicados, enredo instigante e não óbvio e uma característica rara em filmes e animações: tratar de temas delicados, sérios e até sombrios com intercalações de humor. A própria estética inicial da obra tem um tom leve, apesar dos temas abordados.

O detalhe são as inside jokes dentro da animação, como referências ao AC/DC, ao filme "Ferris Bueller's Day Off" (Curtindo a Vida Adoidado) e à outra banda famosa dos anos 80, mas de cujo nome agora não lembro. Além disto, alfinetadas no nosso, como diria o Raul, "belo quadro social" são constantes.

A estória narra a amizade de Mary, uma menina australiana, e Max, um senhor estadunidense. Ele tem síndrome de Asperger, ela, uma estrutura familiar destruída e problemas sócio-emocionais de certa importância. No mais, só dizer que é fantástico e que, quem puder, assista.

Lucy disse que, quando me conhecia menos, achava que eu era meio parecido com o Max, mas definitivamente não tenho Asperger...talvez alguma forma inespecífica de autismo de alta-funcionalidade, mas definitivamente não tenho os impecílios linguístico-cognitivos que caradcterizam alguém com a síndrome.

Ainda assim, achei a Mary tão parecida com a Wilhelmina em algumas coisas...existiram e ainda existem, por mais que ela tenha se revelado uma pessoa bem pior do que eu imaginava, momentos que eu gostaria de compartilhar. Coisas simples, detalhes de um filme, a cor de um céu sob o sol poente, uma nova roupa, uma novidade boba...

Quantas vezes tive vontade de dizer: "Mina, olha só que coisa legal que eu descobri!" Mas, não: a pobre vive uma fantasia neurótica e tal ação seria danosa. Portanto para mim, as sombras. A vida a ensinará e ela não sabe o que hoje diz.

Uma curiosidade é que existe uma semelhança fonética entre o primeiro filme Australiano que fez sucesso mundial, Mad Max, e o título desta animação, também Australiana. Poderia ser Max and Mary, mas porque Mary and Max?

O impacto da trilogia oitentista "Mad Max" continua e, seguindo a onda dos revivals de sagas da década de 80, parece que Mel Gibson vai gravar um quarto filme.

No mais, acertei sem saber: o desenho que Mina receberia, pois agora ele vai ficar bem pendurado na minha parede visto que ela não mais o merece, se vale de um mesmo efeito estético que é presente durante toda a animação: fiquei besta ao a assistir e ver que eu tinha tido a mesma idéia e aplicado-a de maneira muito parecida.

Na animação, no desenho e durante uns meses da minha vida, tudo era cinza, mas a Wilhelmina, a Mary e o que era relacionado à elas era colorido.

Fiquei até emocionado quando percebi isso, além de ver o zelo com o qual o Max guardava as coisas da Mary, zelo este que também, inadvertidamente, imitei.

Mas ela nunca escreveu nenhuma carta para que eu colasse na parede, apesar de que eu poderia ter colado algum e-mail. Ah, deixemos a Wilhelmina viver em paz, hm.

Mas que eu me identifiquei com muitas coisas, isso sim. Esse contraste entre um mundo cinza e a cor que alguma pessoa pode trazer à tua vida, mesmo que com coisas aparentemente irrelevantes, é real.

Too god damn real.

E, como Max, sou ateu.

Damn.

Ademais, só uma banda para cuidar, um violão para tocar, mil coisas para escrever e ar para respirar, além dos cursos.

P.S. Um chocolate dado ao Max, na animação, dizia a mesma coisa que a Wilhelmina gostava de enfatizar para mim:

"Love yourself first."


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Release Me

Aproveitando meu momento de grunge revival, o dia chuvoso e o título homônimo a uma música do Pearl Jam, cito duas assertivas do Flávio Gikovate, psicoterapeuta paulista, que explicam muita coisa que já aconteceu comigo e, depois de meu último relacionamento, me redimiram.

"As pessoas mais corretas, sinceras e amorosas são vistas como pouco atraentes porque não despertam inseguranças e não curtem provocar ciúmes .É triste constatar que são mais sensuais aqueles que têm uma índole mais duvidosa justamente porque despertam insegurança, dúvidas e ciúmes."

"Vive bem sozinho quem é mais introvertido e reservado desde que goste muito de algumas atividades pessoais e se dedique a elas com paixão."

E essa é para a Wilhelmina Murray:

"A saída para quem é mais individualista mas não gosta de viver sozinho reside na busca de um parceiro o mais parecido possível consigo mesmo."

Aproveitando, mudo completamente de assunto e revelo minha tristeza pela morte de Ezequiel Neves que, coincidentemente, morreu no mesmo dia de hoje no qual, há 20 anos, morria Cazuza. Sem o Ezequiel, duvido que o Barão e o Cazuza teriam sido o que foram. Essa coincidência na data da morte chega a ser simbólica. Assim como no aniversário de Renato Russo eu passei uma parte do dia ouvindo Legião Urbana, passarei o resto da noite ouvindo Cazuza e também o Barão Vermelho.

Aos grandes, os louros. Descansem em paz, caso haja isso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Vinte e Cinco

Considerando que já atingi meu primeiro quarto de vida, isso se eu tiver a grande sorte de viver cem anos, fico pensando que logo serão vinte e seis.

Não vinte e seis amores ou amigos; talvez assim o quisesse, mas vinte e seis anos.

Antes que eu deixe de ter vinte e cinco anos, preciso deixar registrada aqui uma música dos Paralamas do Sucesso que, dado seu contexto, só poderá fazer bastante sentido para mim até o dia primeiro de Setembro de 2010.

Isso, claro, lembrando que ela, como as outras que posto, reflete algum aspecto recente de meus sentimentos ou pensamentos.

Será Que Vai Chover?

Os Paralamas do Sucesso

Eu fico pedindo atenção
Cachorro fazendo graça
você não diz nem sim nem não
Faz que não entende disfarça
E me pergunta com essa cara
Será que vai chover ?
Eu não sei não não
Eu sigo chamando mas
você não me abraça
Mais um pouco eu desisto
Eu quase morro de raiva e disfarço
E me pergunto
Será que vai chover ?
Eu não sei não não

Eu ando tão perdido de desejo
Em cada esquina imagino te ver
Hoje é domingo eu tenho vinte e cinco
Eu acho que vai chover
Eu sigo chamando chamando
Mas você não me abraça
Mais um pouco eu desisto
Eu quase morro de raiva e disfarço
Será que vai chover ?
Eu não sei não não

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Fantasia Neurótica

O mundo nunca deixa de me surpreender, por mais que eu ache o contrário.

Nossa: sem até saber o que escrever.

domingo, 4 de julho de 2010

A Sociedade Onírica

E dizia o velho Armstrong que, lá pelas bandas de Portsmouth, houve um grupo de jovens que causou comoção ao romper através das brechas. Havia aqueles que o faziam com os dedos; outros, mais afoitos, utilizavam-se das mãos. Uns ainda, dos pés.

Falou-se até no jovem Mcloud, que quis enfiar a cabeça toda e primeiro, mas foi contido por seus amigos, estes mais prudentes.

Não obstante os sujeitos, o velho Armstrong insistia que o que começou como uma brincadeira de jovens esperançosos tomou proporções que modificariam a rotina ondulante da cidade. Boatos surgiram e, em um momento, eles eram adoradores do demônio; em outro, liam livros e dançavam dentro de uma caverna. Eventualmente, eram apenas um grupo de moças e rapazes que reuniam-se na praia, a cada final de tarde, para desenhar na areia e falar das coisas simples.

Como, na prática, ninguém além de seus membros sabia do que se passava na sociedade, ela tornou-se vítima de seu próprio título: surgiu e desapareceu lentamente como um sonho bom. Vai ver, teve início e fim tortuosos como um pesadelo felizmente passado.

Os fatos, estes sempre foram inverificáveis, pois sequer sabe-se se a sociedade ainda existe. Os participantes, estes sim, o sabem.

Pois opinião e conhecimento sempre foram coisas distintas.

sábado, 3 de julho de 2010

O Curioso Caso de Marcelo Melo

Descobri que havia algo intrínsicamente diferente do estabilishment em mim quando, aos seis anos, indaguei a uma menina de talvez mesma idade o porque de ela usar a parte de cima do biquini, por não ter ainda seios. Estávamos em uma piscina em uma praia próxima.

Ela não soube responder, perguntou ao pai e a confusão começou.

Como sabemos, quem observa as brechas, hipocrisias e falhas no sistema costuma ser tido como perigoso e, eventualmente, expurgado ou morto. Sequer preciso citar exemplos, dada a quantidade de mártires na nossa cultura popular.

Quando eu era pequeno, pedia para a tia da escola comprar um pastel de carne, fazia-a jogar a carne fora e comia só a massa.

Não posso ser como os outros e não, isso não é atuação. Não estou vivendo uma mentira.

A senhoria Wilhelmina Murray contribuiu para que eu percebesse que, mesmo com os bônus de tal modo de vida, os ônus seriam pesados. Eu os contemplo todos os dias...oh boy, i do.

Sou ateu e agnóstico quase ao mesmo tempo, não tenho uma ereção desde o dia nove de Junho, perdi o desejo sexual e estou em uma banda de rock. Jogo baseball mal, sou uma confusão existencial, pareço-me com o Charlie Brown e sei rimar quando preciso.

Só que a minha garotinha não é ruiva, sabe que eu existo e está se fodendo para isso.

No mais, meu cansaço pós-treino pesado de Baseball impede-me de dissertar muito. Ainda assim, digo que a única certeza que eu tenho é que modificarei notoriamente o mundo durante minha vida.

Now, this is what you may call arrogant, no?

Maybe, but the dream is over, nonethless. It was over yesterday.

Hoje discursei para meus pares sobre a necessidade de conhecer-se, não vivendo então uma fantasia auto-imposta e, consequentemente, aceitar-se. Além disso, lembrei-os e também a mim mesmo que a vida acaba em uma fração de segundo.

E, ainda assim, a descartamos como se fosse um objeto: maldito condicionamento.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eli

Ateu em fase de influência Cristã. Metamorfose ambulante e idiossincrática.

Dia chuvoso, passado totalmente em casa, o que é raro. Feliz pelos fogos terem acabado graças à derrota do Brasil. Menos guerra, menos artilharia: estou velho e cansado.

Menos barulho e histeria coletiva.

Em um dia melancólico, ouço "Eli, Eli." de Gyorgy Déak-Bárdos.

Há tantas coisas a fazer... o final de semana se aproxima. Baseball: bom, gosto disso. Ainda hei de marcar um home-run, nem que seja inside the park.

No mais, escrever um pouco mais e tocar os projetos para frente, pois eles são vários.

Ah, não esquecendo da casinha vitoriana ao lado do lago, lá aonde tudo dá certo: The Sims 3.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Like a Doll of Goo

Essa é mais uma da sessão das "rápidas e extraídas de alguma música".



I got my defenses
When it comes to your intentions to me
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I'm not the one who broke you
I'm not the one you should fear
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I thought I lost you somewhere
But you were never really ever there at all
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I don't need what you ain't got
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I am no solution
To this sound of dispollution in me
And I was not the answer, so forget you if ever thought it was me


Goo Goo Dolls - Here is Gone & Big Machine