terça-feira, 27 de julho de 2010

Seja como for

A prosa é o orgasmo tranquilo, relaxante. Nela, mal há limitações ou caminhos. Você olha para a parceira e sorri, esperando ser retribuído.

A poesia, por outro lado, pode te dar muito prazer durante o ato, mas suas limitações formais e de rima muitas vezes deixam muito por dizer, como um quase-orgasmo interrompido por um telefone que não foi deixado em modo silencioso.

Ainda assim, precisamos viver ambas as situações. Um pouco de poesia para quebrar a rotina e também tentar salvar-me de mim mesmo.

Seja como for


Ando por aí sem dono
À noite espero, sob o sol tenho sono
Os outros dizem que meu rosto está mal
E há quem ache meu sofrimento legal

Meu passado se foi
E tenta me levar consigo
Despedaço meu telhado
Em busca de abrigo

Em conversas na madrugada
Cada palavra sufocada
Pode ser liberta
E o que o tempo não conserta
A mente finge que valeu à pena

Estou tão cansado e abatido
Na batida do meu corpo ferido
Entendo que basta carinho
Um abraço, não se estar sozinho

E tudo se valida
A vida toma sentido
No amor, seja como for
Vivido

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