sexta-feira, 17 de abril de 2009

Fala

Eu sou tanto
Tanto medo da raiva humana
Do fim do mundo e da violência
Eu oro tentando ajudar quem posso
Mas, quando não dá certo, eu corro até a ciência

Sou dez, trinta, um
Creio estar em todos os lugares
Mas, às vezes, estar dentro deste quarto...
Estar dentro deste quarto é estar em lugar nenhum

Tenho amigos que têm amigos
E por acaso, também andam comigo
Amigos, amigas, amiga de um amigo
Eu tenho isso mas, às vezes
Não vejo nada além de meu umbigo

Não tenho tanto dinheiro quanto gostaria
Menos do que posso gastar
Tenho uma dor na mão esquerda
Que tenta, com certo sucesso, me preocupar

Sou um homem frouxo que nem a psicóloga conseguiu ajudar
Porque, às vezes, não se sabe ao certo o que falar
Eu ando todos os dias mas nem sempre saio do lugar
Ela não entende a minha dor ao não saber em que página do livro de psicologia ela está

Me chamaram de homem, Marcelo, brasileiro, inteligente, um monte de coisas
Fora todas as outras que eu tenho receio em relatar
Vários nomes que formam a cola que ajuda a prender tantas folhas soltas

Sou uma fala que cala, por vezes por não saber o que pensar
Calo e falo, como Callas e Callo. Cores curiosas que formam o meu linguajar
Sou uma voz que não quer calar


Nenhum comentário: