domingo, 19 de setembro de 2010

Oba, Charles!

Não, dessa vez não é sobre o Charlie Brown e a miséria existencial.

Fico pensando se essa rima é meramente proposital :)

De qualquer maneira, o Charles do qual falo é o Anjo 45, aquele cantado pelo Jorge Ben. Muita felicidade ao achar um vídeo de 1987 dos Paralamas, até então inédito para mim. Lembranças de um Brasil que, felizmente, já foi. Assimilações de coisas que não sabia sobre uma de minhas bandas preferidas.

Aí, sozinho em um quarto escuro em um domingo à noite, eu penso que, aparentemente, a Sociedade Onírica compôs sua primeira música há mais ou menos três horas atrás. Sinto, ou talvez quero sentir, que esse post representa o início de um processo muito positivo em minha afetividade, processo este de reconexão com a arte através de uma banda de rock. Como não posso nem quero, ao menos por enquanto, voltar ao Canto dell' Arte, reestabeleço meu contato e sacio um desejo muito antigo.

Rock and Roll.

E o início desse processo também me lembra do fim de outro. Apesar de estar tranquilo, não posso dizer que estou satisfeito com o que houve. Eu era feliz, mas os momentos alegres começaram a tornar-se tão escarços e, os de turbação, tão recorrentes, que não vi outra saída senão desligar os aparelhos e deixar o paciente descansar em paz.

Resta-me agora também descansar quanto a isto, vivendo e absorvendo meu luto. Para terminar, dois trechos transcritos de "Os Paralamas do Sucesso - V, o Vídeo" de 1987 e do documentário da A&E "Nossa Gente: Herbert Vianna", de 2006.

Seguem, em ordem de citação:


"Eu faço o que eu quero, ganho para...ganho legal para viver e o que mais gosto mesmo é música, tocar. É isso mesmo...acho que...que...sou um felizardo."


João Barone, circa 1987


"...e a Lucy foi a grande âncora do Herbert na vida...porque ela foi pegá-lo no fundo de um poço. Ele estava sofrido por uma relação anterior, ele estava sozinho. Surgiu a Lucy e isso foi um achado para ele, (sic) e ele embarcou nesse amor e é apaixonado por ela até hoje com grande intensidade."


Autor não identificado, mas presente no documentário da A&E. Provavelmente trata-se de Paulo Niemeyer, médico que integrou a equipe que tratou do Herbert após o acidente aéreo.



Esses depoimentos me traduzem, não quero falar por mim mesmo: minhas palavras estão secas e repetitivas. Estou, a exemplo, no fundo de um poço. Ainda assim, paradoxalmente aliviado.

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